Nesta semana falamos do controle motor, mas afinal como entender o controle motor? Inicialmente devemos compreender que uma unidade motora é formada por um motoneurônio e todas as células por ele inervadas e que o mesmo vai depender de um sistema superior que terá a função de emitir estímulos até chegar no músculo, para que assim o músculo responda com sinais sensoriais. Observando a imagem abaixo para termos mais facilidade no entendimento, notamos que transferências de potencias de ação partindo do córtex sensório motor (área pré-motora) passarão pelo córtex motor, chegando aos gânglios da base, tronco encefálico, medula e finalmente ao músculo. Por sua vez, o músculo será responsável por retornar informações sensoriais, estas serão transmitidas para a medula, tronco encefálico e cerebelo, retornando ao córtex sensório-motor. O que observamos é que é emitido uma "ordem" motora a partir do C.S MOTOR chegando até o músculo, onde a ação é efetuada. A resposta do músculo em enviar informações sensoriais ao C.S MOTOR é para que possa haver possíveis correções entre a "ordem" motora e ação efetuada.
Podemos classificar os mecanismos de resposta em três classes distintas, de acordo com o nível em que ocorre, são eles: Voluntário, automático ao nível do córtex e involuntário ao nível de medula.
VOLUNTÁRIO: O movimento voluntário é aquele que é feito pelo indivíduo de forma controlada e pensada, ou seja, ele parte da área do córtex sensório-motor, onde há o planejamento do gesto. Exemplos de movimentos voluntários: lançar uma bola, correr, subir escadas. Devido à repetição de certos movimentos, desde nossa infância, acabamos por ter padrões de movimentos que depois de estabelecidos não podem ser mudados. A repetição e a internalização do gesto/ação gera uma programação, e a essa programação damos o nome de ENGRAMA. O engrama é um elemento que não pode ser modificado, porém podemos criar um engrama que se sobre saia ao anterior, ou seja, criamos um caricatura sobre uma base motora já padronizada. Para entendimento maior, colocamos a situação de um menino que aprendeu a escrever e que depois, ao chegar no ensino médio, resolve mudar sua letra/caligrafia. Obviamente que após planejar muitas vezes até programar o novo gesto ele conseguirá, porém a base para essa caricatura foi seu engrama inicial, que pode ser retomado quando haver qualquer descuido do gesto. Os engramas que carregamos junto conosco desde cedo são: falar, escrever, caminhar. Isso representa o controle motor voluntário e automático.
INVOLUNTÁRIO: O controle motor involuntário - decorrente do tronco encefálico e suas estruturas inferiores - é completamente diferente do voluntário/automático, porque é gerado por estímulos no "H" medular que, por sua vez, vão gerar três tipos de reflexos, são eles: miotático, miotático inverso e o flexor ou de retirada. O reflexo miotático ativa o fuso muscular (fibra muscular modificada - intrafusal - colocado entre células musculares - extrafusais) que emite uma fibra neural tipo Ia até o "H" medular fazendo sinapse com apenas um neurônio (esse reflexo é o único monossináptico). O fuso tem função de proporcionar informações mecanorreceptoras sobre o comprimento e a tensão das fibras musculares proporcionando uma resposta reflexa ao estiramento com o intuito de contrabalançar o estiramento.
Exemplos de reflexos miotáticos: teste do reflexo patelar na qual ocorre a percussão no tendão patelar com um martelo de borracha. Isso é suficiente para deformar o tendão e gerar um estiramento do quadríceps que, por conseguinte, ativa o fuso fazendo com que o quadríceps acabe gerando um leve "chute". Esse teste é usado para avaliar o tônus muscular.
Outro exemplo muito simples e cotidiano é simples ato da manutenção postural. O reflexo é ativado no momento em que se estira a musculatura para aumentar o equilíbrio, isso acarreta no aumento da tonicidade muscular que, consequentemente, juntamente com o estiramento da musculatura ativa o reflexo miotático.
Por fim, como último exemplo de reflexo miotático e agora relacionado com treinamento, temos a pliometria (saltos; distância) que tem como princípio os saltos de uma posição com certo grau de elevação para aterrizagem em extensão, amortecendo todo impacto para logo em seguida estirar a musculatura e disparar voluntariamente um salto. Esse princípio utiliza dos dois reflexos (voluntário e involuntário), porém exigindo muito mais do involuntário e, por isso, gerando ganhos de potência muscular.
No reflexo miotático inverso temos como órgão sensorial o OTG - órgão tendinoso de Golgi - que é uma terminação nervosa livre e incapsulada, colocado em série nas fibras tendíneas. Por se localizar nos tendões e se posicionar em série não consegue verificar variação no comprimento muscular, porém determina níveis de tensão. Isso se faz muito válido quando há tensão excessiva e não há variação de comprimento muscular, como por exemplo na contração isométrica, em que o reflexo miotático inverso é o meio de proteção.
O OTG emite uma fibra até o "H" medular que, por sua vez, faz duas sinapses com dois interneurônios, estes vão ativar dois motoneurônios (sendo um inibitório e o outro excitatório). Um destes dois motoneurônios vai ativar a musculatura agonista e o outro a antagonista. Aumentando a tensão nesta musculatura o OTG vai gerar um determinado potencial de ação que vai agir no "H" medular ativando os dois motoneurônios. O excitatório vai excitar justamento o músculo antagonista, o que dá maior entendimento de porque chamamos este reflexo miotático de inverso. Ao contrário do reflexo miotático que gera a excitação do músculo agonista, o reflexo miotático vai gerar a excitação do antagonista e isso é um mecanismo de proteção. Citamos como exemplo a manutenção de uma postura onde há demasiada contração muscular, podendo haver rompimento de fibra muscular. O reflexo miotático inverso é o principal e único responsável pela verificação dessa possível situação e, portanto da da excitação antagonista que, por sua vez, gera a diminuição de força até o relaxamento da musculatura agonista ativa.Como exemplo prático podemos citar o esporte luta de braço, que por reflexo miotático inverso leva a rápida ação da diminuição da força imposta para ganhar do adversário.
No reflexo denominado flexor ou de retirada - nociceptivo - é representado por uma terminação nervosa livre subcutânea. Podemos representá-lo por uma qualquer objeto que agrida a pele (taxinha, prego, cigarro, fogo) . Ao pisar em um determinado objeto lesivo o indivíduo ativa essas terminações nervosas subcutâneas que desencadeiam um potencial de ação. Esse potencial de ação chega até o "H" medular. No "H" medular ele faz sinapse com dois interneurônios de um lado do "H" medular, porém emite uma fibra para o outro lado do "H" medular fazendo sinapse com outros dois interneurônios. Então o mesmo estímulo vai ativar 4 interneurônios no "H" medular, quando eles fizerem sinapse com motoneurônios. De um lado do "H" medular temos a excitação da musculatura flexora e a inibição da extensora. Do outro lado, temos justamente o inverso: a excitação da musculatura extensora e inibição da musculatura flexora. O que isso vai gerar? Ao pisarmos no objeto lesivo todo o processo irá ocorrer, indo potencial de ação ao "H" medular e os interneurônios fazendo sinapses com os motoneurônios a ponto de gerar a flexão da perna que foi lesada e a extensão.
ALONGAMENTO
Relacionando estes três modelos de reflexos com o alongamento, podemos ver que eles se fazem presentes de diferentes maneiras. O alongamento é utilizado para treinamento de flexibilidade, para relaxamento muscular e para aquecimento. Essas são as principais utilizações do alongamento. Podemos identificar a intensidade do alongamento de acordo com o grau de conforto e o grau de dor imposto pelo mesmo.
Classificamos as técnicas de alongamento em:
- Alongamento estático (reflexo miotático e miotático inverso)
- Alongamento balístico - com insistência - (reflexo miotático)
- Alongamento F.N.P - facilitação neuromuscular proprioceptiva - (inibição do reflexo miotático e potencialização do reflexo miotático inverso)
* Mobilidade articular é treinável, enquanto crianças, pois ainda não temos a maturação ósseas, mas lembrando sempre que isso pode gerar lesões, pois aumenta a instabilidade articular.
* Elasticidade muscular tem relação com a quantidade de sarcômeros, porém somente os que se localizam em série, tamanho da miofibrila (quanto maior, mais elasticidade), isso gera maior elasticidade.
Para o relaxamento muscular utilizamos do alongamento estático e para o aquecimento utilizamos do alongamento estático e balístico.
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