segunda-feira, 15 de julho de 2013

Função Endotelial e Aterosclerose

     Para abordarmos a temática da função endotelial e sua relação com a aterosclerose, é importante compreendermos o que é, e qual a função do endotélio. O endotélio é um órgão do corpo humano e um dos principais responsáveis pela produção de substâncias envolvidas no controle da homeostasia e tônus muscular. Os pesquisadores Zawadzki e Furchogott foram os primeiros a demonstrar a importância de um endotélio íntegro para a acetilcolina exercer efeito vasodilatador. Foi observado por eles que a acetilcolina, em seus receptores muscarínicos, estimulava a liberação de um potente vasodilatador chamado por eles de fator de relaxamento derivado do endotélio, que seria identificado mais tarde como o óxido nítrico. Além de ser um potente vasodilatador, o óxido nítrico inibe a proliferação de células musculares lisas, agregação plaquetária e interações leucócito-endoteliais.
   Um endotélio íntegro possui características antitrombogênicas e antierogênicas, características atribuídas ao óxido nítrico. Sabe-se que tabagismo, hipertensão arterial sistêmica, hipercolesteromia e diabetes melito, fatores de risco da doença arterial coronária, provocam a disfunção do endotélio, facilitando o processo de aterosclerose.
     Aterosclerose é uma condição na qual há o acúmulo de colesterol nas paredes das artérias, especialmente nas de médio e grande calibre. Esse material engrossa e endurece devido a depósitos de cálcio, formando placas de colesterol que eventualmente podem bloquear as artérias.  Veja a seguir uma imagem do processo de formação da aterosclerose:


Se o acúmulo de material ocorrer nas paredes das artérias coronárias, deixando-as mais estreitas e menos flexíveis, o fluxo sanguíneo para o coração pode ficar mais lento ou até parar. No caso do desprendimento de pedaços de placa, que podem mover-se para vasos sanguíneos de menor calibre, pode ocorrer bloqueio desses vasos, danificando ou matando o tecido. Coágulos de sangue podem se formar ao redor de fissuras ou lacerações nessas placas, bloqueando o fluxo sanguíneo. No caso de o coágulo mover-se para uma artéria presente no coração, cérebro ou pulmões pode ser a causa de ataque cardíaco, acidente vascular cerebral ou embolia pulmonar.

Referências:
Cerqueira NF, Yoshida WB. Óxido nítrico: revisão. Acta Cir Bras [serial online] 2002 Nov-Dez;17(6)


Libby P. The vascular biology of atherosclerosis. In: Bonow RO, Mann DL, Zipes DP, Libby P, eds. Braunwald's Heart Disease: A Textbook of Cardiovascular Medicine. 9th ed. Philadelphia, Pa: Saunders Elsevier; 2011:chap 43.

Sistema Renal e Exercício

Sistema Renal e Exercício

A maioria das células produzem uma variedade de resíduos que tornam-se tóxicos ao se acumularem. Fluidos corporais como sangue e linfa transportam resíduos dos tecidos (Guyton e Hall, 1997).


Ainda segundo o autor, o sistema renal além de eliminar excesso de íons e resíduos tóxicos, contribui para manter normal as concentrações de água e eletrólitos nos fluidos corporais, regula o PH e volume de fluidos corporais e ajuda a controlar a produção de células vermelhas do sangue e pressão arterial.
O sistema renal é composto por um par de rins, um par de ureteres, a bexiga e a uretra (Guyton e Hall, 1997). A seguir suas funções:
Rins à removem substâncias do sangue, formam a urina e ajudam a regular determinados processos metabólicos;
Ureteres à fazem o transporte da urina a partir dos rins;
Bexiga à armazena urina;
Uretra à conduz a urina para fora do organismo.
A grande importância dos rins para o organismo se dá a partir da manutenção da homeostase através da regulação da composição, volume e do PH do fuido extracelular. Além disso, desempenha outras funcionalidades como secretar o hormônio eritropoietina para ajudar a controlar a taxa de produção de hemácias; auxiliar na ativação de vitamina D e a secretar a enzima adenina o que colabora para manter o volume de sangue e a pressão sanguínea. A eritropoietina é um hormônio produzido em seres humanos e animais (pelos rins e fígado) que regula a eritropoiese (Berne e Levy, 1996).


Os néfrons são pequenas unidades funcionais e estruturais presentes na estrutura renal. Cerca de 1 milhão dessas unidades processadoras de sangue, está presente em cada um dos rins e são os responsáveis por realizar os processos que formam a urina. Além disso, existem milhares de ductos coletores, que coletam líquido de diversos néfrons e transportam para a pelve renal.
A seguir os vasos sanguíneos renais:

A arteríola eferente (menor diâmetro) resiste ao fluxo sanguíneo em certa medida, o que faz o retorno de sangue para o glomérulo, aumento da pressão no interior do capilar glomerular. O aparelho justaglomerular é o segmento formado por células justaglomerulares (na parede das arteríolas) mais a mácula densa (na parede do túbulo contornado distal) (Berne e Levy, 1996).
Segundo o autor, sabe-se que os capilares enovelados do glomérulo, onde o sangue circula em alta pressão, deixam parte deste extravasar para a cápsula renal, esse líquido extravasado composto por aminoácidos, glicose, íons, uréia, creatinina, ácido úrico e água é denominado filtrado glomerular.

Quanto as idéias de Guyton e Hall (1997), a formação da urina se dá através de 3 fases:
1.    Filtração glomerular: cerca de 180 L sangue / 24 horas;
2.    Reabsorção tubular;
3.    Secreção tubular.
Obs.: O túbulo proximal reabsorve cerca de 65 % do filtrado glomerular.

                                                                        Urina
A regulação da taxa de filtração glomerular (TFG), ocorre através de mecanismos intrínsecos (autorregulação – feedback miogênico e tuboglomerular) e da regulação extrínseca (controle do sist. nervoso parasimpático e secreção da renina).
Acrescendo o elemento do exercício físico ao assunto abordado, a ilustração abaixo demonstra a variação do fluxo sanguíneo renal durante repouso e o exercício:

Em condições normais:
è PA = cerca de 120 milímetros de mercúrio;
è Diâmetro da arteríola aferente: normal;
è Pressão hidrostática glomerular: normal;
è TFG: normal (125 mL / min)
No exercício:
è PA aumenta para 140 mm de Hg;
è Se a arteríola aferente continuar a ter o diâmetro normal, o aumento na pressão hidrostática glomerular vai provocar um aumento na TFG para 146 mL / min.
Continuando este aumento, causará rapidamente desidratação grave.
No feedback miogênico: redução do diâmetro da arteríola aferente, além da redução do fluxo sanguíneo glomerular para evitar a perda extensa de fluido. A pressão arterial sistêmica permanece elevada devido ao exercício.
No período de descanso, a PA pode baixar para 100 mm de Hg, ou se o diâmetro da arteríola aferente continuar normal, diminui-se o fluxo sanguíneo, a pressão hidrostática glomerular e a TFG.
Na regulação extrínseca: as fibras nervosas simpáticas inervam todos os vasos sanguíneos extrínsecos dos rins. Na atividade diária normal a influência é mínima. Já em períodos de estresse extremo ou a perda sanguínea, ocorre a estimulação simpática que substitui os mecanismos autorregulatórios dos rins. Com isso temos o aumento da descarga simpática (intensa constrição de todos os vasos sanguíneos renais), a atividade do rim é reduzida ou suspensa temporariamente e acaba diminuindo a perda de fluidos, mantendo assim a pressão arterial e um maior volume sanguíneo para outras funções vitais.

REFERÊNCIAS
BERNE, R.M.; LEVY, M.N. Fisiologia. 3.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1996.
GUYTON, A.C.; HALL, J.E. Tratado de fisiologia médica. 9.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1997.









quinta-feira, 11 de julho de 2013

Gastrointestinal

Nos seres humanos a digestão é feita no sistema digestório formado pelo tubo digestivo (boca, faringe, esôfago, estômago, intestinos e ânus) e pelos órgãos anexos: dentes, língua, fígado, glândula salivares, vesícula biliar e pâncreas. Na boca o alimento é triturado (processo mecânico) e sofre a ação da amilase salivar que transforma o amido em maltose. A seguir passa pelo esôfago e, por meio de movimentos peristálticos, chega até o estômago, sofrendo a ação do suco gástrico, que reduz as proteínas a peptídeos menores. Para tanto, o pepsinogênio é ativado, transformando-se em pepsina (enzima) pela ação do ácido clorídrico. 
No duodeno o bolo alimentar sofre a ação da bile, que emulsiona as gorduras, facilitando a ação das lipases (enzimas). O suco pancreático possui enzimas que degradam proteínas, lipídeos, carboidratos e ácidos nucleicos. A assimilação (isto é, a passagem do alimento para a corrente sanguínea) se faz no intestino delgado ; no intestino grosso são armazenados os resíduos não assimilados, os quais absorvem água e sofrem a ação de bactérias transformando-se em fezes, que são eliminadas pelo ânus.


Mais detalhadamente, o intestino pode ser explicado assim:

O intestino é dividido em delgado e grosso e todo esse conjunto mede aproximadamente 7 metros. 
O intestino delgado é a parte do tubo digestivo que vai do estômago até o intestino grosso. É na parede do intestino delgado que se produz o suco intestinal que auxilia na digestão dos alimentos. O intestino delgado é dividido em três partes como nos mostra a imagem a seguir:

Duodeno: Faz a digestão do bolo alimentar (quimo). Processa quimicamente proteínas, lipídeos, carboidratos e vitaminas.
Jejuno: Responsável pela absorção de carboidratos e aminoácidos já parcialmente digeridos pelo duodeno.
Íleo: O íleo é a parte final do intestino delgado, como podemos ver na imagem a cima e é nele que ocorre a junção ileocecal com o intestino grosso.

O intestino grosso é a parte final do tubo digestivo, é onde ocorre o importante processo de absorção de água, o que determina a consistência do bolo fecal, além de absorver alguns eletrócitos e de fazer a síntese de determinadas vitaminas pelas bactérias intestinais.

*Se as paredes do intestino estão em bom estado, os nutrientes são bem absorvidos.

O bolo alimentar transforma-se em Quimo (massa acidificada e semi-líquida) e passa então pelo piloro (esfíncter muscular) e chega no intestino delgado onde irá ocorrer a principal parte da digestão. A digestão do Quimo ocorre predominantemente no  duodeno e nas primeiras porções do jejuno. O suco pancreático, produzido pelo Pâncreas também atua no duodeno e contêm diversas enzimas digestivas.  Outra secreção que atua no duodeno é a bile, produzida no Fígado, que, tem a  importante função de emulsionar as gorduras, apesar de não conter enzimas.
            Os restos da refeição chegam ao intestino grosso, onde a massa fecal se transforma em fezes na região final do cólon. Os pigmento provenientes da bila determinam a cor e estrutura das fezes.

            Durante a digestão também ocorre a formação de determinados hormônios, sendo os principais deles mostrados abaixo:



Adaptações gastrointestinais ao treinamento
            Atividades de baixa intensidade promovem uma maior velocidade de digestão, enquanto atividades de ritmos intensos como acima de 70% do VO2 max diminuem a velocidade de digestão. As adaptações agudas do sistema gastro intestinal em resposta ao exercício são: diminuição da motilidade gastro intestinal(exercício inibe parassimpático e estimula simpático) em alguns casos podendo gerar desconfortos. Cronicamente as principais adaptações são:

- Maior motilidade gastrointestinal
- Maior secreção de muco
- Aumento da irrigação tecidual
- Ação anti-ulcerogênica